sábado, 18 de setembro de 2010

Filme: A Caixa

A Caixa é um dos filmes mais pretensiosos desta safra. Apesar de ter a atuação de Cameron Diaz como um dos pontos altos da produção, é abusivo no que tange utilizar nomes canonizados pelos estudos filosóficos para tentar responder algumas questões levantadas pelo roteiro: o foco da vez é Jean Paul-Sartre e sua máxima de que “o inferno são os outros”.

A pergunta lançada pelo trailer é instigante: o que você faria se lhe entregassem uma caixa com apenas um botão e, se você o apertasse, lhe deixaria milionário mas, ao mesmo tempo, tirasse a vida de alguém que você não conhece? Norma Lewis (Cameron Diaz, ótima) é uma professora e o seu marido, Arthur (James Marsden, confortável no papel), é um engenheiro da NASA. Eles e o filho formam uma família que leva uma vida normal morando no subúrbio. O filme começa em 1976, Virginia. As coisas ganham novo rumo quando um misterioso homem aparece com uma proposta tentadora. Norma e Arthur têm apenas 24 horas para fazer a escolha.

Um dos maiores problemas de A Caixa está no marketing: o trailer exibido nos fornece uma idéia de suspense rápido, gotejando sangue aqui e ali, alguns gritos e um final feliz. Negação total para os afoitos pela cinematografia rasa: A Caixa nos força a entrar nas idéias do existencialismo e suas temáticas, sendo a principal delas, a máxima de Sartre “o inferno são os outros”. O embrião da frase formou-se logo após o final da Segunda grande guerra mundial. O mundo estava chocado com toda a barbárie injustificada e das relações cotidianas. O termo hoje é muito utilizado em trabalhos relacionados ao medo na sociedade e também nas relações conflituosas contemporâneas. Para Sartre, cada ser humano tem o seu projeto pessoal e, se cada um possui o seu projeto individual, conflitos surgirão à tona. Ao apertar o botão da caixa, resolve-se um problema para si, portanto, trazemos danos à vida alheia. Nas palavras de uma das personagens, morremos numa caixa (caixão), moramos numa caixa a vida inteira (casa), andamos numa caixa (a rua, cidade, o país, enfim, as comunidades imaginadas).

O diretor optou por utilizar alguns momentos dosados de nonsense, estilo em que várias informações aparentemente sem sentido pululam nos diálogos e nas cenas. O filme é auto-explicativo em seu prólogo, informando tudo sobre os mistérios da narrativa, que será fechada de forma trágica.

A Caixa é baseado no conto Button, Button do escritor Richard Matheson, conhecido por obras ligadas ao campo da ficção e fantasia, com finais surpreendentes. Com direção de Richard Kelly, esta produção que custou U$30 milhões possui 115 minutos de duração. A Caixa lembra filmes como Invasores, Os Esquecidos, A Cidade dos Amaldiçoados. O roteiro traz menos informações tecno-científicas, colaborando com o fluxo da narrativa, visto que outro ponto fraco deste gênero é o uso excessivo de informações desconhecidas pelo público em geral, ligadas aos campos biológicos e etc, dificultando a mensagem aos espectadores ansiosos do entretenimento de massa. 



Ficha técnica:

A Caixa:

Elenco: Cameron Diaz, Frank Langella, James Marsden, Gilian Jacobs. Michele Durrett

Direção: Richard Kelly

Duração: 115 minutos

Distribuidora: Imagem filmes.

Apesar dos pesares vale a pena assistir o filme! Fica a dica queridos!

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