sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Preguiça de amar

As pessoas costumam adorar começo de relacionamento.
Adoram conhecer, aquela curiosidade, aquele frio na barriga.
Eu não gosto. Eu gosto de segurança. E agora que parei pra pensar nisso de novo: que preguiça.
Preguiça de conhecer alguém novo, de trocar telefone, de ficar a primeira vez.
De esperar o beijo encaixar, de segurar na mão, de apresentar os amigos.
Preguiça chata, não queria.
Só de pensar em ter que explicar minha vida de novo, ah que canseira.
E ouvir a outra pessoa, conhecer os medos, descobrir os interesses.
Passar horas conversando, ganhando intimidade.
Por que é tão difícil criar intimidade? Puta chatice...
Descobrir de novo como gosta de dormir, o jeito certo de abraçar, o lugar certo pra deitar a cabeça e não dar cãimbra quando acordar.
Deixar escova de dente do lado da pia, tomar banho de porta aberta...
Ganhar confiança, se abrir, confiar, perder medos, perder angústias, parar de comparar... Isso é chato demais, tira o sono, deixa estresse por todo lado...
Ensinar o caminho da minha casa, aquela valeta na entrada da rua que sempre pega desprevenido.
Conhecer a família, conhecer a história, medir palavras...
Nossa como isso cansa. Por que não aparecem pessoas com um disco de instalação? Pouparia tantas semanas...
Sentir ansiedade pra ver, aquele nervoso de suar a mão quando sabe que ele tá chegando, procurar pelo salão se encontra ele.
Descobrir o jeito pra conversar, o jeito pra entender, o jeito pra paquerar.
Contar pras amigas, ficar esperando no msn, fazer planos. Me dêem uma folga disso.
E a parte chata também dá preguiça. Pensar em ter ciúme de novo, em ter discussões de novo, em explicações. Vou escrever um manual e dar pra ele ler, mais fácil.
E seria um manual escrito num post-it, de tão ridículo de fácil. Até parece.
Olhei pra caneta e pro bloquinho e, olha só, deu preguiça de escrever uma palavra que seja.
E dizem por aí que sou tão nova. Nova demais pra estar tão cansada. Mas talvez eu mereça estar cansada.
A vida cansa. Só de pensar em tudo de novo, tenho preguiça de amar.

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